O MITO DO MONSTRO

O Mito do Monstro surgiu quando nossos primeiros antepassados começaram a se questionar sobre a própria identidade. Foi essa questão que nos separou do resto dos animais, que apenas são, sem se interrogar sobre o que, ou quem são. Apenas nós, humanos, nos questionamos sobre a própria existência. Tentar responder à pergunta “quem/o que sou?”, gerou uma ansiedade que nos acompanha até hoje. Não nos basta apenas viver seguindo nossos instintos. Precisamos de uma explicação para o sentido de nossa existência; uma explicação no plano ético, moral e existencial. Essa necessidade gera a ansiedade de nos entendermos como seres humanos num sentido mais amplo, como possuidores de alguma essência humana, seja no plano espiritual, seja como corpo material, a nível individual e coletivo.

Assim, desde que adquirimos consciência da própria existência, tentamos definir os limites do que é humano, chamando de monstruoso tudo aquilo que, como humanos, não podemos aceitar. Portanto, o monstro tem a função de delimitar as fronteiras que separam o humano e o não humano, o natural e o antinatural, o civilizado e o não civilizado, o bem e o mal, o certo e o errado. Por ser sempre o Outro, o monstro remete a nossa identidade e à alteridade. Quando dizemos “não sou um monstro!”, estamos reafirmando nossa própria humanidade. O paradoxo desta situação vem do fato de que sempre encontramos no monstro algum elemento de humanidade, o que torna esse limite sempre fluido e instável. Se há humanidade no monstro, deve haver algo de monstruoso em cada um de nós.

Cada monstro que aparece numa história é imaginado de acordo com as referências culturais e códigos de valores da comunidade que o imaginou. Assim, cada monstro inventado pode nos dizer muito sobre uma determinada cultura, numa determinada época e numa determinada geografia. Os posts aqui publicados versarão sobre as relações do monstro com a produção artísticas e literária ao longo da História.

Deixe um comentário