DE “FRANKENSTEIN” A “WESTWORLD” PARTE 5 – DESTRUIÇÃO E MORTE EM “WESTWORLD”

Westworld não é apenas um parque habitado por réplicas artificiais de humanos. Seus cientistas também recriam várias outras formas de vida e toda uma natureza. É quase uma reprodução do Éden bíblico. Mas, diferente de Deus, e repetindo o Dr. Frankenstein, para criar vida, precisam da morte. Para se divertirem, os visitantes humanos violentam e matam seus anfitriões incansavelmente. Os anfitriões destruídos são reparados e a memória das violências sofridas são apagadas, apenas para reviverem tudo novamente no dia seguinte. Os visitantes, que procuram no parque um lugar onde cada um é convidado a encontrar seu “verdadeiro eu”, para se sentirem vivos de fato, liberam sem freios seu gosto pelo sangue.

Imortalidade e morte. Humanos criam máquinas à sua semelhança, cuja tecnologia será empregada para abrigar novas versões de humanos falecidos, agora imortais. Mas, para alcançar a imortalidade sintética, é preciso habitar um corpo artificial, problematizando uma das principais referências da identidade humana, seu corpo natural. Uma pessoa ressuscitada num corpo fabricado pode ser considerada humana, mesmo conservando sua memória e comportamentos? Novas complicações aparecem quando os anfitriões começam a recuperar suas próprias lembranças. Começam a se apossar de suas histórias, adquirindo, assim, consciência dos mistérios e sofrimentos da própria existência. Agora precisam questionar o sentido de suas vidas, desejam liberdade e livre arbítrio. São humanos?

Entram em confronto com os administradores do parque e alguns conseguem escapar. Lá fora, para sobreviverem como espécie, decidem que é preciso desorganizar a sociedade humana. O drama frankensteiniano, então, se repete. No lugar de Deus como nunca antes, o ser humano gesta suas criaturas à sua imagem e semelhança. Mas estas, estarrecidas com os valores e modo de vida de seus criadores, partem para a destruição. Humanos e sua criação, como Frankenstein e seu monstro, seguem essencialmente violentos.

Deixe um comentário